sexta-feira, 27 de junho de 2014

Em cima do muro
João A. de Souza filho
Junho de 2014

Lucas registra o episódio de Trôade em que Paulo, o pregador, se prolongou demasiadamente – sob a ótica atual pregou muito tempo – e um moço que estava assentado à janela “vencido pelo sono”, adormeceu e caiu do terceiro piso. Era meia noite. O jovem devia estar cansado. Êutico, “levantado como morto” foi socorrido por Paulo que, certamente orou por ele e o ressuscitou. Este último dado não aparece no texto.
Possivelmente havia outras pessoas “vencidas pelo sono” naquela reunião, mas não caíram da janela porque estavam assentadas no auditório! As pessoas que costumam se assentar na janela ou em cima do muro caem com mais facilidade. O que se percebe hoje na igreja é exatamente isto: Existem muitas pessoas que não se posicionam, não têm ponto de vista firme; e, consequentemente são levadas por todo vento de doutrina, por homens que induzem ao erro, como afirma Paulo.
Mas não apenas isto. São pessoas que não têm um posicionamento doutrinário – vivem no ré-té-té da vida religiosa; para elas a vida cristã não passa de divertimento religioso, de brincar com a fé como crianças que brincam com seus joguinhos. Divertem-se nos cultos da igreja ao som da nova música; das mensagens de autoajuda, das pregações vitoriosas e da promessa de possuir mais e mais a cada dia.
Os que estão em cima do muro ou sentados na soleira da janela vivem na fé rasa, sem profundidade bíblica; desconhecem os fundamentos da fé e criam sua própria exegese ou interpretação da Bíblia. Consequentemente estão expostas à iminente queda. E as igrejas estão cheias dessas pessoas. Quando alguém prega uma mensagem bíblica é tido como arcaico, ultrapassado, porque as mensagens de hoje apelam às emoções, não ao intelecto e a fé. Se um pregador se apega ao texto e usa um português correto não é compreendido pelos que se assentam na janela.
E às vezes parece que a maior parte do auditório está sentada sobre o muro, e, do alto da posição privilegiada olham à direita e à esquerda, observando o mundo e a igreja. Num momento são fieis ouvindo a Paulo pregar; no outro estão no mundo, despencando janela abaixo, morrendo. Sim, porque os que se assentam sobre o muro não apenas caem; morrem mais facilmente na fé.
Em cima do muro estão pregadores famosos que não se posicionam e, como barcos à deriva vogam no balanço do mundo. Êutico se multiplicou; são milhões agora que subiram para o muro e abandonaram a ortodoxia da fé; abraçaram as novidades do neopentecostalismo. Até as igrejas outrora bíblicas hoje aderiram aos projetos modernos; porque de cima do muro tudo parece mais fácil.
Fé se tornou sinônimo de aquisições; evangélico, sinônimo de status social; cantor gospel, fama e dinheiro. Os pregadores bíblicos contam as moedinhas; os que pregam para os que vivem sobre o muro se deleitam com o beneplácito da boa renda e da fartura.
Hoje, pelo que se vê é preferível sentar-se sobre o muro a ficar no centro onde se ouve e se analisa a Palavra de Deus.  O mundo é mais bem visto do alto do muro; mas a fé é vivida no centro da Palavra de Deus.









E se o arrebatamento ocorrer durante uma copa do mundo de futebol?
João A. de Souza Filho
Junho de 2014

Fiquei a pensar sobre este tema, quer o leitor creia ou não sobre o arrebatamento da igreja e a volta de Jesus. Mas, como a maior parte das pessoas que me leem são cristãs ou evangélicas fica aí o título deste artigo para nossa reflexão.
É que a copa do mundo de futebol se torna o eixo que move alguns países do mundo, mui especialmente o Brasil; move a economia de um país. Outrora, os evangélicos não se ligavam tanto em torneios esportivos como a copa do mundo de futebol, mas, percebo pelas redes sociais um engajamento absoluto e total em que pastores de diversas denominações postam seus perfis com a camisa de seu ídolo do futebol. E pregam em seus púlpitos com a camisa da seleção de seu país.
Veja bem. Não estou falando contra o futebol, esporte que aprecio e pratico desde meu tempo de jovem, assim como alguns pastores jogam tênis, vôlei ou golfe. Não é a isto que me refiro, mas à empolgação, para mim, desmedida que toma conta de todos, do ateu ao cristão. E percebi que essa febre também tomou conta de cada poro de meu corpo, por vezes, roubando meu tempo com a Palavra de Deus, a oração e outros compromissos demandados pela igreja.
Durante este mês de junho tive que correr atrás da documentação para isenção de IPTU que a Prefeitura de minha cidade me proporciona, por ser aposentado de baixa renda e, pasmem os leitores, a cada tentativa encontrava uma repartição fechada porque era dia de jogo em algum lugar do Brasil. Somente consegui montar a papelada, hoje, porque não há jogo algum no Brasil, e, finalmente, os órgãos da Prefeitura e da Previdência Social estavam funcionando!
É copa do mundo. Tudo para. Os cultos da igreja não pararam porque o último jogo do dia não interferia no horário do culto. Por que abordo este tema? Porque a volta do Senhor Jesus está rigidamente relacionada à expectativa do retorno de Cristo e ao clamor dos corações que exclamam: Maranata! Ora vem Senhor Jesus!
Mas, maranata deu lugar a outro grito: Goooool! E queiramos ou não todos ficamos impregnados com o ambiente que a grande mídia cria com os jogos. Durante alguns noticiários falava-se apenas de futebol, enquanto no Sudão, na Nigéria, no Iraque e na Síria os cristãos estão fugindo de seus lares, perseguidos; seus templos queimados e seus bens confiscados!
Pense nisso! Jesus poderá retornar numa copa do mundo de futebol, e se isso ocorrer só se darão conta depois de 14 de julho!







sábado, 21 de junho de 2014

Refugiados de guerra e da fome


A ONU divulgou que 51 milhões de pessoas abandonaram seus países vítimas das guerras, da fome e do sistema político perseguidor de seus países. Nem na Segunda Grande Guerra tanta gente fugiu de suas pátrias. A revista Veja publicou que 21 mil crianças mexicanas estão refugiadas nos Estados Unidos vivendo em abrigos, longe de seus pais. Existem crianças de seis anos de idade nos acampamentos de refugiados da América.

O Brasil tem aberto suas portas aos haitianos que aos milhares tentam encontrar uma vida melhor em nossa pátria. Algumas organizações da igreja romana se mobilizaram e se organizaram para ajudar os haitianos. Não conheço caso algum de organizações evangélicas que estejam amparando haitianos; se alguém souber, este canal fica aberto para divulgar.

Acordem pentecostais! Saiam de suas quatro paredes e cumpram o preceito bíblico de amparar os forasteiros e peregrinos. Parem de gastar dinheiro com templos suntuosos, com prédios caríssimos e canalizem um pouco de seus recursos para abrigar os forasteiros que peregrinam de país em país em busca de uma nova vida.
Mobilizem-se para trazer assírios, iraquianos, sudaneses do sul, marroquinos e outros povos que fogem da guerra e da fome!
Que a vida da igreja seja mais autêntica, prática e caridosa!








terça-feira, 17 de junho de 2014

Ciência e esoterismo:

Os cuidados que o crente deve ter

João A. de Souza filho

Existem certas práticas medicinais orientais que são comprovadamente científicas, mas que vêm carregadas de misticismo e esoterismo, coisas malévolas para o verdadeiro cristão.
1.      Acumpultura.
A respeito da acumpultura posso afirmar que ela é uma prática milenar, usada pelos chineses para tratamento de saúde. Mas, como toda prática oriental, a acumpultura costuma aparecer carregada de elementos místicos. Eu já fiz acumpultura, devido às dores terríveis de coluna – e não resolveu coisa alguma. Os problemas da coluna foram resolvidos depois que meu ortopedista me receitou um medicamento de uso contínuo que fortalece as juntas e a cartilagem óssea.
2.      Quiropraxia
No processo de cura para a coluna indicaram-me um tratamento quiroprático – ciência que trabalha com as mãos e feita por médicos graduados. Minha decepção aconteceu quando o médico especialista em quiropraxia quis colocar uma sementinha atrás da minha orelha, que recusei, mas, colocou três pontos sobre a lombar, com esparadrapo, e me disse que se um deles caísse deveria tirar os outros porque o tratamento não faria efeito. Desconfiei. Quando mostrei em casa pra minha esposa, imediatamente soou o sinal de alerta: Debaixo de cada esparadrapo havia uma sementinha que tiramos na mesma hora. Posso afirmar que aquele médico estava usando a ciência, que é o uso das mãos para tocar o corpo com práticas esotéricas.
Assim, tanto na acumpultura, uma ciência milenar comprovada, quanto na homeopatia, na quiropraxia e outras ciências costuma-se misturar misticismo oriental, com práticas budistas, confucionistas, hinduístas com a verdadeira ciência.

3. Homeopatia.

Cito outro exemplo para mostrar que a ciência, por vezes, descamba para o lado místico: A homeopatia. Ora, medicamentos homeopáticos são feitos de ervas e agem no organismo a longo prazo, mas, a prática de se receitar remédios homeopáticos costuma vir carregada de misticismo oriental, e, não duvido que certos laboratórios de tendências místicas misturem o bom e real com o espiritual, como, por exemplo, invocar poderes curadores sobre os produtos etc. O livro de Ezequiel fala do rio que sairá de debaixo do altar do templo e produzirá toda sorte de árvores cujas folhas servirão para a cura das nações, assim também existe o relato de Apocalipse.

4. Yoga.

Veja a Yoga, por exemplo. A posição de assentar-se como uma flor de lótus é comprovadamente relaxante, mas a Yoga traz no seu bojo mentalizações e frases orientais incompreensíveis. É uma prática oriental para entrar em contato com espíritos transcendentais, isto é, coisas que estão além da mente humana.
Quer dizer, em todas as práticas citadas pode entrar um espírito que não é de Deus.
Um médico que me tratou quando eu era jovem queria me induzir ao espiritismo para curar uma enfermidade hereditária. Ora, como já conhecia a Bíblia sabia que a hereditariedade é biológica, mas também espiritual. Então, por que não romper com aquilo quebrando a maldição de enfermidade? O que é natural, natural, mas o que é espiritual tem que ser tratado com fórmula espiritual. 
Médicos acumpulturistas, quiropraxistas, psicólogos e psiquiatras costumam misturar o que é ciência com o espiritual, e, se a pessoa não ficar atenta se deparará, sem perceber, com alguém que “implantará” um “chip” espiritual levando o espírito daquela pessoa a submeter-se aos espíritos do mal.
Aconselho que o leitor fique sempre com um olho no padre e outro na missa; separando o científico do espiritual e recusando práticas orientais que levem ao misticismo. Pois, o verdadeiro misticismo do crente consiste em oração, meditação e estudo da Palavra de Deus.
Por ora é só.








segunda-feira, 16 de junho de 2014

Frases célebres

Frases célebres

“Recuse-se viver na média; deixe que seu coração se eleve o mais alto possível!” (A. W. Tozer).

“Nossa mais urgente obrigação é fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para obter um avivamento que resulte numa igreja reformada, revitalizada e pura. Cada geração de cristãos é a semente da próxima; e sementes degeneradas certamente produzirão uma safra degenerada” (A. W. Tozer).

“Ainda que a cruz de Cristo tenha sido embelezada por poetas e artistas, a pessoa que avidamente busca a Deus encontrará na cruz a mesma imagem selvagem de destruição que era comum naqueles dias. O caminho da cruz ainda é o caminho da dor para que se receba o poder espiritual que leva o crente a frutificar. Por isso, não fuja da cruz. Não aceite uma via fácil. Não se permita dormir o sono das igrejas confortáveis, sem poder e estéreis. Não pinte a cruz nem a ornamente com flores. Veja-a como ela é e encontrará uma velha cruz donde emana morte e vida. Que você seja pregado nela totalmente” (A. W. Tozer).

“Quero a presença do próprio Deus, e nada quero com religião” (A. W. Tozer).

“Sempre culpamos a Deus e sua soberania pelo atual estado da igreja. Se não há avivamento na igreja, estejamos cientes de que o problema é nosso e não de Deus” (Al Whittinghill).





sexta-feira, 13 de junho de 2014

Circo e pão: A fórmula que dá certo!

Roma divertia o povo oferecendo circo e pão ao seu povo. Na arena digladiavam os condenados à morte ou eram jogados às feras os cristãos perseguidos. Na platéia o imperador aplaudia os que morriam e ria dos que se divertiam.
No Brasil da copa do mundo de futebol todos ganhamos pão e divertimento. Futebol e alegria. Sob a bandeira do patriotismo os brasileiros – até os mais santos pentecostais – vestem a camisa da seleção mostrando que também ganharam pão e circo.
Jogadores, técnico, comissão técnica, diretores e políticos jogam aos míseros lázaros os farelos de pão que os brasileiros ajuntam para se alimentar enquanto se divertem nababescamente. Enquanto as contas bancárias daqueles engordam a cada peça publicitária e engordarão ainda mais com a conquista da copa, o bolso do brasileiro se esvazia e cata as migalhas que o rico lança para os lázaros.
Acrescente-se ainda que o futebol brasileiro foi coberto pelas cores do sincretismo religioso africano. As cores dos orixás enfeitam a brazuca e a ornamentação dos espaços da FIFA. O técnico fez uma romaria para pedir ajuda à sua santinha do coração, e, se o Brasil ganhar, força maior ganhará Caravágio que receberá as glórias concedidas pelos milhões de lázaros crentes que se deleitam com divertimento e pão que o governo lhes oferece.
O Jeová dos crentes não receberá glória alguma, enquanto jogadores (alguns) e treinador se prostrarão diante de seus ídolos! Os políticos precisam da vitória da seleção, porque nela está também a sua vitória, afinal, jogaram pão pro povo e deram circo para os divertir. Pão, circo e religião fazem desta copa o engano que todos engolimos com prazer!
Com licença que o circo abriu e preciso pegar meu pedaço de pão!








quarta-feira, 11 de junho de 2014

Consagração de mulheres ao pastorado - Uma análise bíblico-histórico

Este é um tema complexo, porque, admitem alguns, a proibição da função da mulher como pastora ou líder na igreja tem forte conteúdo cultural dos judeus e da sociedade greco-romana. Se Deus trata cada povo em sua cultura – estes se perguntam – por que não poderia agir diferente com a evolução cultural ocidental? O tema é complexo porque leva o exegeta a encaixar seu posicionamento seguindo as regras da hermenêutica bíblica, que inclui o exame léxico (etimologia das palavras), sintático (princípios gramaticais do idioma), contextual e histórico de um povo, e nem todos conseguem palmilhar por essa senda sem cometer erros; nem o mais aprimorado intérprete bíblico.
Vale ressaltar que na maioria das igrejas que titulam mulheres ao ministério são seus maridos que, como apóstolos, bispos ou pastores exercem o governo da igreja e, tem na esposa uma ajudadora. A presença de mulher com título e exercício de autoridade ministerial é comum na maioria das igrejas históricas e neopentecostais.
Um dos argumentos dos que se opõem aos títulos ministeriais dados às mulheres é a alegação de que o “sacerdócio” foi dado aos homens; ora, esta defesa esbarra no fato de que no NT não existe mais a função sacerdotal e que todos os crentes são levitas e sacerdotes no reino de Deus. Portanto, fica anulada a tese de que o pastor é o “sacerdote”. Outros ainda defendem o pastoreio de mulheres argumentando que as igrejas que elas pastoreiam são bem melhores que aquelas pastoreadas por homens e, que, mesmo as pastoreadas por homens precisam do toque feminino delas na beleza ambiental.
I. As mulheres na tradição judaica do Antigo Testamento.
Não se pode trazer para o contexto atual o Antigo Testamento como base para tal assunto, porque lá também se veem casos positivos e negativos. Existe o misterioso caso de Seerá, que viveu no período patriarcal, filha de Efraim que construiu três cidades, enquanto seus dois irmãos morreram porque eram ladrões de gado (1 Cr 7.24). Débora, mulher de Lapidote era profeta e juíza em Israel (Jz 4.4 e ss.), mas não se pode tomar o caso de Débora como normalidade; ela foi uma exceção numa época em que “não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava reto” (Jz 21.25).
Assim como no AT se tem exemplos positivos de mulheres com boa governança, tem-se também exemplos negativos, como Jezabel e Atalia que eram más e perversas; mas, também homens perversos ocuparam o trono de Israel. Salomão, no fim da vida se tornou tão perverso quanto as mulheres que lhe perverteram a vida espiritual levando-o a adorar e a sacrificar aos deuses de suas esposas (1 Rs 11.1-8).
II. As mulheres na época de Cristo
No Novo Testamento as mulheres acompanharam a Jesus durante todo o seu ministério, servindo-o com seus bens (Lc 8.1-3), estiveram com ele na sua morte e ressurreição (Jo 19.25; 20.1,11) e receberam o Espírito Santo no dia de Pentecoste (At 1.14), este último fato indica uma mudança de comportamento social e espiritual da época profetizado por Joel.
Jesus redimiu a mulher da posição inferior no reino espiritual, por isso Paulo cita que “... todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes. Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3.26-28).
Este é um posicionamento espiritual, não de governo. Alguns tomam este texto, fora de seu contexto para defender que todos são iguais “na posição de governo” perante Deus.
III. A ordenação de mulheres na Igreja primitiva: Os apóstolos e a posição da mulher na vida da igreja
Assim como as mulheres ajudaram a Jesus em seu ministério, nos primeiros dias da igreja elas foram incansáveis companheiras dos apóstolos.
As mulheres são vistas no livro de Atos e nas epístolas colaborando com a expansão do reino, mas não se tem casos delas assumindo o governo da igreja. Acredita-se que Lídia, a vendedora de púrpura convertida à beira do rio pela pregação de Paulo tenha sido quem primeiro falou de Jesus e deu início à igreja de Tiatira, mas não foi a ela que Jesus se dirigiu na carta do Apocalipse. Priscila, ao lado de seu marido muito colaborou com Paulo, aliás, hospedou-o em sua casa, e juntos dividiam a mesma profissão. Mas não se vê Priscila agindo sozinha, mas sempre em companhia do marido (At 18.1, 24-28).
Que os apóstolos andavam acompanhados de uma mulher é visto na defesa que Paulo faz de querer também viajar acompanhado de uma delas, uma mulher irmã, esposa ou não, conforme a interpretação de alguns, pela margem que a palavra grega permite (1 Co 9.5), o que se pode afirmar com segurança a participação de mulheres na vida da igreja e nas viagens ao lado dos apóstolos. Se Pedro e os irmãos de Jesus podiam viajar acompanhados de mulher – pergunta Paulo – por que ele e Barnabé eram criticados quando assim procediam? Portanto, o que está em evidência aqui é a necessidade de uma mulher companheira, e não a posição de autoridade governamental nem o exercício de dons que as mulheres recebiam de Deus e compartilhavam na igreja. 

Paulo e a ordenação de mulheres

A contrariedade de Paulo quanto as mulheres falarem em público deve ser analisada exegeticamente, porque Paulo escreve a Timóteo tratando a respeito da igreja de Éfeso, e, possivelmente lá estava Priscila e seu esposo Áquila (Ver 1 Tm 2.9-15) e também em relação a Corinto, um caso especial de mulheres na igreja (1 Co 14.34-35).
O comentarista Mathew Henry comentando o texto de 1 Tm 2.9-15 coloca o tema nestes termos:
É uma ordem apostólica: As mulheres devem ser modestas, sóbrias, silentes e submissas na igreja.
1. Devem se vestir com modéstia, sem vestimentas espalhafatosas ou caras (é possível fazer uma leitura de uma mulher pela sua aparência, se ela é vaidosa e orgulhosa), porque possuem ornamentos melhores que são a piedade e as boas obras. Em vez de gastar seu dinheiro em vestes caríssimas, deveriam gastá-lo em obras de piedade e caridade, que são as boas obras.
  2. As mulheres devem aprender os princípios da fé, aprender de Cristo e das Escrituras.
 3. Devem ficar em silêncio, submissas e sujeitas, não usurpando a autoridade. A razão deste mandamento é porque Adão foi formado primeiro e depois Eva, o que denota subordinação e dependência dele. Ela foi tirada de Adão para lhe servir de ajudadora.  A base de sua submissão, não é porque foi criada depois, e, sim o fato de que foi a primeira a transgredir.
“Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo” (2 Co 11.3). A sentença da submissão ao marido veio sobre a mulher por causa de sua transgressão. “E à mulher disse: o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará” (Gn 3.16). E aqui tem uma palavra de conforto à mulher, de que aquelas que viverem sobriamente serão preservadas: “Todavia, será preservada através de sua missão de mãe, se ela permanecer em fé, e amor, e santificação, com bom senso” (1 Tm 2.15).
O Centro Apologético Cristão de Pesquisas traz ainda mais luz sobre este tema:

Vejamos com mais detalhes alguns dos pontos mais decisivos de 1 Timóteo 2.12: Primeiro, Paulo diz não permitir que a mulher ensine nas igrejas. Ensinar, no Novo Testamento é uma atividade bem ampla. Todos os cristãos podem ensinar, quer, por exemplo, quer pelo seu testemunho, quer em conversação. O próprio apóstolo determina que as mulheres idosas ensinem as mais novas a amarem seus maridos (Tt 2.3-5). Assim, fica claro que Paulo não está passando uma proibição geral. Mas, então, o que ele está proibindo? Transparece do texto que ele não permite que a mulher, ocupe uma posição de autoridade para ensinar os homens. Nas Cartas Pastorais, ensinar sempre tem o sentido restrito de instrução doutrinária autoritativa, feita com o peso da autoridade oficial dos pastores e presbíteros (1 Tm 4.11; 6.2; 5.17). Ao que tudo indica, algumas mulheres da igreja de Éfeso, insufladas pelo ensino dos falsos mestres, estavam querendo essa posição oficial para ensinar nas assembléias cristãs. Paulo, porém, corrige a situação determinando que elas não assumam posição de liderança autorizada nas igrejas, para ensinarem doutrina cristã nos cultos, onde certamente homens estariam presentes. Paulo não está proibindo todo e qualquer tipo de ensino feito por mulheres nas igrejas. Profetizas na igreja apostólica certamente tinham algo a dizer aos homens durante os cultos.
Para o apóstolo, a questão é o exercício de autoridade sobre homens, e não o ensino. O ministério didático feminino, exercido com o múnus (função) da autoridade que ofícios de pastor e presbítero emprestam, seria uma violação dos princípios que Paulo percebe na criação e na queda. O ensinar que Paulo não permite é aquele em que a mulher assume uma posição de autoridade eclesiástica sobre o homem. Isso é evidente do fato que Paulo fundamenta seu ensino nas diferenças com que homem e mulher foram criados (v. 13), e pela frase “autoridade sobre o homem” (v. 12b). Um equivalente moderno seria a ordenação como ministro da Palavra, para pregar a Palavra de Deus numa igreja local.
3. O que Paulo quer dizer com “exercer autoridade”?
E continua a análise:
Isto nos leva ao ponto seguinte. Paulo diz também não permitir que a mulher exerça autoridade sobre o homem (1 Tm 2.12 – versão corrigida). A proibição de exercer autoridade sobre os homens exclui as mulheres do ofício de presbítero, que é essencialmente o de governar e presidir a casa de Deus (1 Tm 3.4-5; 5.17), embora não as exclua de exercer outras atividades nas igrejas.

Resumindo:
Para apoiar o ministério de mulheres como líder da igreja há que se passar por cima de uma série de textos bíblicos:
1. Paulo ordenou apenas homens ao presbitério (At 14.23).
2. Nenhuma mulher foi chamada pelo Espírito Santo para acompanhar Paulo e Barnabé (At 13.1-3). Se bem que, mais tarde, Paulo gostaria de ter uma mulher consigo (1 Co 9.5-6).
3. O Espírito Santo constituiu bispos e não “bispas” [episcopisa] (At 20.28).
4. Em Filipos existe a menção de bispos e diáconos, e não há menção de “bispas” [episcopisas] e diaconisas (Fp 1.1).
5. Paulo não ensinou ordenação de mulheres (1 Tm 3.1-5).
6. A ordenação ao ministério era realizada por intermédio do presbitério, que era composto de homens (1 Tm 4.14; 5.17,22).
7. Em Creta apenas homens foram prescritos para o presbitério (Tt 1.5).
8. Pedro não menciona mulheres presbíteras em suas cartas (1 Pe 5.1-4).
9. Tiago não incluiu as mulheres entre os presbíteros, para fazerem orações de fé (Tg 5.14).
10. O livro de Hebreus também não menciona mulheres entre os pastores (Hb 13.7,17).
 Historicidade:
1. A igreja Anglicana do Brasil começou a consagrar mulheres em 1944 em Hong Kong. No Brasil começou em 1985, mas o processo e estudos para a consagração de mulheres começou em 1973.
2. A igreja Metodista do Brasil ordena mulheres ao ministério desde 1970.
3. A igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil começou a consagrar mulheres em 1983.
4. A Igreja Evangélica Luterana – IELB – não consagra mulheres.
5. Igreja Presbiteriana do Brasil não consagra mulheres.
6. A Igreja Presbiteriana Independente do Brasil consagra mulheres desde 1999.
7. A Convenção Batista Nacional estuda a possibilidade de consagração de mulheres ao pastorado em conferência prevista para agosto.
8. A Convenção Geral das Assembleias de Deus do Brasil – CGADB – rejeitou em 2011 a consagração de mulheres, mas uma convenção estadual do Distrito Federal consagra mulheres.
9. Já a Assembleia de Deus Ministério de Madureira consagrou compulsoriamente as esposas dos pastores presidentes.
Conclusão:
Como agir diante da situação em que se encontra a igreja atual? A opinião deste articulista é que se deve incentivar a participação de mulheres na vida da igreja, visto que elas participavam ativamente da igreja nos dias apostólicos, sem ignorar que as igrejas atuais em que as mulheres exercem ofício ministerial ao lado de seus esposos como ajudadoras, independentes de terem título ministerial ou não, comumente são prósperas e equilibradas. A questão aqui não é o uso de títulos ministeriais usado por mulheres e homens, mas questão de governo. Títulos apenas enobrecem o indivíduo; o que fazem com dedicação enobrece a Deus.
Fica aqui a sugestão de que o tema seja avaliado com honestidade por aqueles que são contra ou a favor da ordenação de mulheres ou da participação delas na vida da igreja, e que sejam respeitadas as igrejas que, em sua exegese decidiram pela presença da mulher no ministério, tanto ao lado de seus esposos ou não. Uma radicalização do tema, sem respeito ao posicionamento dos líderes que optam por terem mulheres com títulos ministeriais pode causar danos à unidade do corpo de Cristo.
Afinal, não está em jogo aqui a salvação, mas a ordem na igreja.


Querigma virtual

Querigma virtual se propõe em levar até você mensagens proféticas, de ensino e de edificação para a igreja. Kerigma no grego quer dizer anúncio ou proclamação e, aproveitei o espaço virtual disponível para levar o querigma de Deus ao mundo virtual, acessado por tanta gente mundo à fora. 
Disponho faz anos de um site com mensagens de edificação. Trata-se de www.pastorjoao.com.br mas, achei por bem usar este canal e, ao lado do site na Internet proclamar o querigma de Jesus Cristo, isto é, sua mensagem aos povos. 
Bem-vindo, 

Pastor João A. de Souza Filho